quarta-feira, 6 de março de 2013

Atividade da disciplina Estágio em Docência



Atividade da disciplina Estágio em Docência do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNB ministrada pelo professor André Porto Ancona Lopez para a turma do DINTER (UFES/UNB).

O trabalho solicitou a cada aluno o desenvolvimento de uma atividade didática realizada com uma turma em nível de Mestrado, e que fosse abordado um tema relativo a Ciência da Informação e, simultaneamente, fosse de interesse da turma de Mestrado e do seu professor responsável e que ainda pudesse contribuir com a linha de pesquisa do aluno do DINTER.

Desta forma, o trabalho desenvolvido foi uma Palestra/Oficina com o título “Da Informação ao Conhecimento através dos Mapas Conceituais” abordando vários temas, entre eles, a aprendizagem significativa, os mapas conceituais, e o software CmapTools desenvolvido pelo IHMC (http://www.ihmc.us/)  e disponível para download em http://cmap.ihmc.us/.

Os materiais de apoio para a atividade estão disponíveis para download em: http://200.137.72.135/conteudo.asp?cod=2696

  • Relatório final da atividade realizada.
  • Vídeo com passo-a-passo para criação do primeiro mapa conceitual no software CmapTools.
  • Conjunto de Mapas Conceituais usados na apresetnação "Da Informação ao Conhecimento através de Mapas Conceituais.
  • Livro contendo capítulo introdutório sobre Mapas Conceituais (capítulo 5).

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Reflexões e contribuições dos assuntos “Comunicação Científica”, “Letramento Informacional”, “Profissional da Informação” e “Inclusão Social” para o projeto de pesquisa


Este post tem como objetivo apresentar reflexões acerca dos assuntos discutidos na disciplina Fundamentos da Comunicação e Medicação da Informação ministrada pela profa. Sofia, e o seu potencial de contribuição no projeto de tese.  Em cada parágrafo faço considerações a respeito de como o assunto tratado tem intersecção com o meu projeto de tese. Para contextualizar, o título do meu projeto de tese é: “DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA INFORMACIONAL AUXILIADO PELA COOPERAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO LÓGICA NUM CONTEXTO DE AMBIENTES VIRTUAIS DE SIMULAÇÃO”.

Atualmente o trabalho cooperativo é considerado um elemento fundamental para o desenvolvimento do conhecimento científico por muitos pesquisadores, entre eles, vários da Ciência da Informação, tais como POBLACIÓN, LE COADIC, ROBREDO, FONCECA, DUQUE, SARACEVIC e VALENTIM, devidamente referenciados no meu projeto de tese. Vilan Filho (2010) observa que esta consciência sobre a importância do trabalho cooperativo é representada na década de 70 por Ziman (1978, apud VILAN FILHO,  2010, p. 19) quando afirma que o “conhecimento científico é o produto de um empreendimento coletivo humano ao qual cientistas fazem contribuições individuais que são depuradas e estendidas à crítica mútua e cooperação intelectual” e por Kuhn (1977, apud VILAN FILHO,  2010, p. 19) quando fala que "o conhecimento científico é produto de um grupo e nem sua eficácia nem a maneira pela qual se desenvolve serão entendidos sem nos referenciarmos à natureza específica dos grupos que a produzem."  Ou ainda, no início do século XVII o filósofo Inglês Francis Bacon (apud MAGEE,  1998) disseminava a ideia de que o conhecimento científico é construído mais eficientemente por várias pessoas trabalhando  em comunicação umas com as outras do que com indivíduos trabalhando sozinhos, e, desta forma, fazendo surgir as sociedades científicas. Brandão e Duque (2011) argumentam que a colaboração entre cientistas ainda tem sido enriquecida de possibilidades devido o rompimento das barreiras de tempo e espaço nos processos de interação mediados pela tecnologia. Como a cooperação é elemento essencial no meu projeto, esta discussão serve para corroborar ainda mais a importância de se trabalhar sobre esta vertente de forma a contribuir com a sua aplicação para o desenvolvimento da competência informacional.

A comunicação científica, para Meadows (1999, apud VILAN FILHO,  2010, p. 24), encontra-se no coração da ciência constituindo-se parte essencial do processo de investigação científica, sendo tão vital quanto a própria pesquisa. Vilan Filho (2010) chama atenção para o fato de que a comunicação científica não tem acompanhado a evolução das tecnologias de comunicação (blogs, microblogs, redes sociais). Isto se torna mais evidente em áreas de fronteira do conhecimento onde a rapidez na disseminação de novas descobertas é necessária para atualização da base de conhecimento. A publicação científica por meios eletrônicos é determinante para se conseguir esta agilidade, apesar de que, Vilan Filho alerta que a validade destas só é aceita pela comunidade científica quando os trabalhos são avaliados pelos seus pares.   Ainda sobre a agilidade, Brandão e Duque (2011) também fazem indicações de que o ambiente digital tem estimulado a interatividade cada vez maior e em menor tempo, entre os produtores e os consumidores de informação.  Além disto, eles destacam que o saber científico devem seguir tendências contemporâneas, coetâneas e coesas. A comunicação científica depende da produção científica, e Gasque (2012) identifica, através da indicação de estudos realizados, três grandes problemas na  formação de pesquisadores desde o ensino fundamental até o ensino médio: (1) a inexistência de orientação para buscar e usar a informação, (2) formação inadequada dos professores para o ensino da pesquisa, (3) visão  simplista  da  pesquisa,  identificada  como  mera  cópia, síntese ou repasse de conteúdos, sem a reflexão crítica sobre a sua real importância na prática docente. Também na linha de identifica posturas e competências, Driver e outros (1994) sinalizam comportamentos necessários por parte dos alunos para a criação de uma perspectiva crítica sobre a cultura científica: eles deverão estar conscientes  da limitação e dos objetivos variados do conhecimento científico e de como suas asserções são baseadas. Neste contexto, o desenvolvimento das competências informacionais indicado no meu projeto, colabora com a produção científica de qualidade que consequentemente irá requerer uma comunicação científica sintonizada com a mesma qualidade.

De uma maneira geral a maturidade de uma área de conhecimento se mede por intermédio de 3 pilares a saber (MUELLER, CAMPELLO, DIAS, 1996 apud VILAN FILHO, 2010, p. 27): (1) literatura, (2) associações ou sociedade de pesquisa, (3) cursos regulares de formação profissional e de pesquisadores. Segundo Vilan Filho, alguns autores a cooperação como o quarto pilar de maturidade de uma área.  Meu projeto faz a intersecção no terceiro e quarto pilares, pois trabalha no desenvolvimento de competências informacionais na formação de profissionais da informação e, usando-se, da cooperação como elemento para alimentar o processo.

Diferentemente da alfabetização que corresponde ao processo de aquisição de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, o letramento, segundo Gasque (2012), refere-se ao domínio efetivo e competente da escrita no cotidiano para atingir diferentes objetivos.  Gasque ainda alerta que letramento informacional (originário de information literacy, termo cunhado por Paul Zurkowski em 1974) não é simplesmente a junção de letramento com informação, mas é um conceito complexo e abrangente que de uma maneira geral significa o engajamento do sujeito no processo de aprendizagem, a fim de desenvolver competências e habilidades necessárias para buscar e usar a informação de modo eficiente e eficaz. De forma mais detalhada, o letramento informacional tem como finalidade a adaptação e a socialização dos indivíduos na sociedade da aprendizagem, através das seguintes capacidades desenvolvidas: (1) determinar a extensão das informações necessárias;  (2) acessar a informação de forma efetiva e eficientemente; (3) avaliar criticamente a informação e suas fontes; (4)    incorporar a nova informação ao conhecimento prévio; (5) usar  a  informação  de  forma  efetiva  para  atingir  objetivos específicos; (6) compreender os aspectos econômico, legal e social do uso da informação, bem como acessá-la e usá-la ética e legalmente.  Outro conceito, identificado como alfabetização  informacional, que corresponde a primeira etapa do letramento informacional, refere-se  à  compreensão  básica  dos conceitos relacionados à informação e aos seus suportes tecnológicos, chamado de  ‘código de informação’.  O letramento informacional corresponde ao conceito de competência informacional discutido no meu projeto, onde o seu desenvolvimento é o foco principal da pesquisa.

Gasque (2012) alerta para uma grande deficiência do letramento informacional no Brasil, destacando que ele “[...] não tem sido foco da educação, em especial da educação básica. Somente na graduação, com a exigência dos trabalhos de conclusão de curso (TCCs), os aprendizes têm a possibilidade de desenvolver atitudes científicas, adquirindo, assim, as competências mínimas para produzir conhecimento científico”.  Gasque também aponta pesquisas que identificam dificuldades  no  processo  de pesquisa: “[...] acessar  adequadamente  as  informações  relevantes  e  pertinentes em fontes diversificadas; a falta de conhecimento sobre a ética na investigação, culminando com grande número de trabalhos plagiados, bem como as dificuldades em organizar e usar a informação para construir conhecimento. As pesquisas indicam a necessidade de educar os indivíduos para saber buscar e usar a informação de maneira efetiva”. No meu projeto de tese, faço a devida referência a autores que também alertam para deficiências encontradas no desenvolvimento da competência informacional de uma forma generalizada, entre eles: o INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS, LE COADIC, VARELA e BELUZZO.  Neste contexto apresentado, a deficiência identificada no letramento informacional constitui-se, no meu projeto de tese, a grande motivação e justificativa da pesquisa.

Gasque ainda destaca que há fortes evidências sobre a importância do letramento informacional, pois “[...] é crucial na sociedade atual, submetida a rápidas e profundas transformações em virtude da grande produção de conhecimentos científicos e tecnológicos”.  Ele é um processo de aprendizagem que favorece o aprender a aprender,  pois possui “[...] conceitos, procedimentos e atitudes que permitem ao indivíduo identificar a necessidade de informação e delimitá-la, buscar e selecionar informação em vários canais e fontes de informação, bem como estruturar e comunicar a informação, considerando os seus aspectos éticos, econômicos e sociais”.  Ser letrado informacionalmente é saber circular pelo mundo com familiaridade, buscar e selecionar informação para produzir conhecimento, ter capacidade de investigar problemas e propor soluções. Processo a ser desenvolvido desde a educação básica até a superior.  Gasque indica a existência de pesquisas realizadas no âmbito escolar que evidenciam os benefícios derivados do desenvolvimento do letramento informacional. Gomes (2008) alerta para o fato de que as competências e expectativas dos leitores interferem na interpretação dos textos, pois cada leitor carrega consigo conhecimentos prévios e lacunas que se misturarão às particularidades do contexto em que se efetua a leitura, ao texto e ao próprio formato de registro.  

Gasque (2012) conclui de sua pesquisa que as experiências e sentimentos com pesquisa ao longo da vida escolar, ou seja, da educação básica até a educação superior, tem influência direta no letramento informacional de um aluno da pós-graduação.  Este reflexo também é proveniente da “[...] cultura acadêmica, atitude dos professores em relação à busca e ao uso da informação, concepção de ensino-aprendizagem, infraestrutura e custos de informação, bem como pela consciência do grau de competência informacional do sujeito”. Além disto, ela assinala benefícios proporcionados por trabalhos de iniciação científica realizados na graduação, diferentemente das experiências superficiais proporcionadas pela educação básica.   Por outro lado, critica que as iniciações científicas são destinadas aos melhores alunos e não a todos, limitando a oportunidade de desenvolvimento das competências usadas no processo de pesquisa.  No contexto de minha pesquisa, a comunicação científica necessita de um grupo de competências informacionais, identificadas por Gasque (2012) em sua pesquisa, tais como: (a) competência de busca de informação, isto é, achar informação relevante e pertinente, (b) competência de uso da informação, por exemplo, lidar com questões ética e legais, (c) competência para organizar a informação, pois depois haverá necessidade de recuperá-la novamente de forma classificada com as suas anotações, fichamentos etc.

Miranda (2004) acha que a denominação de profissional da informação é algo genérico, pois possibilita todos os profissionais que atuam na Ciência da Informação sejam classificados como tal, inclusive jornalistas e repórteres.  Mas, ele conceitua dizendo que é o profissional que tem como objetivo o  acesso à informação ou a facilitação deste acesso. Faria (2005) lembra que não existe consenso em relação ao conceito de profissional da informação, mas resgata, em seu artigo, as ocupações da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) de 2003, que são consideradas como profissionais da informação. Além disto, da mesma CBO, ela também cita as competências exigidas/requeridas pelas organizações para o profissional da informação: (a) manter-se atualizado/disposição para mudanças, (b) trabalhar em equipe e em rede/afetividade; (c) possuir conhecimento de idiomas/comunicação; (d) ter postura ética/liderança; (e) capacidade empreendedora/realização; (f) raciocínio lógico/competências cognitivas; (g) capacidade de concentração/atenção-priorização; (h) demonstrar proatividade/antecipar ameaças. No contexto do meu projeto, o desenvolvimento da competência informacional por intermédio da cooperação e da lógica argumentativa já irá satisfazer duas das competências citadas pela CBO:  (b) competências no trabalho em equipe e em rede; e (f) competência no raciocínio lógico.

Segundo Akhras (2011) a inclusão social é um tema que tem sido negligenciado pela ciência tradicional, e é um problema multifacetado, multidisciplinar e complexo, isto é, as  tecnologias  sociais  não  podem  ser criadas  puramente  em  laboratórios,  mas “[...] devem  ser desenvolvidas por meio de projetos mais abrangentes e contextualizados, situados em contextos sociais reais que integram questões de avanço tecnológico com questões de desenvolvimento humano, social, econômico e cultural”.  Akhas conclui que existem cinco aspectos que coexistem em qualquer sistema de inclusão social: (a) o contexto social; (b) o estado de desenvolvimento social; (c) a atividade social; (d) o processo de inclusão social; (e) os affordances para inclusão social, isto é, as relações existentes entre o ambiente e o organismo. Meleane (2012), em sua tese, analisou até que ponto o uso de TICs constitui um meio de inclusão e exclusão social nas Instituições de Ensino Superior de Moçambique, e concluiu que há muito o que fazer aumentar a inclusão e diminuir a exclusão: “[...] desenvolver estratégias e planos consistentes; melhorar a qualidade de acesso e uso das TICs, a gestão de infraestruturas e os recursos tecnológicos existentes; promover a capacitação e o treinamento da comunidade acadêmica, como forma de aumentar a inclusão social e digital e reduzir a exclusão social e a desigualdade social e digital nas IES; e aumentar o desenvolvimento de pesquisas e de comunicação científica,  utilizando fontes eletrônicas”.  Este resultado, apesar do contexto em outro país, pode ser absorvido aqui para o Brasil no mínimo para suscitar reflexões acerca do tema. Na minha pesquisa, o trabalho com as competências informacionais já caminha na direção natural do aumento da inclusão social e da diminuição da exclusão social.

Ao longo deste post foram elencados nove pontos importantes que fazem intersecção com o meu projeto de tese, são eles: (1) o trabalho cooperativo, (2) a comunicação científica, (3) a maturidade de uma área de conhecimento, (4) o letramento informacional, (5) a deficiência do letramento informacional na sociedade, (6) a importância do letramento informacional, (7) o letramento informacional na educação superior, (8) o profissional da informação, (9) a inclusão social. Nas abordagens realizadas em cada um destes tópicos foi apresentada uma possível intersecção do meu projeto de pesquisa.  Sendo assim, o projeto se torna, desde então, mais amadurecido e embasado com os assuntos pertinentes da disciplina Fundamentos da Comunicação e Medicação da Informação.


Referências

AKHRAS, Fabio Nauras. A inclusão social como um projeto científico: uma ontologia. Inclusão Social. Brasília, v. 4, n. 2, p. 25-37, jan./jun. 2011.

BRANDAO, O. C.; DUQUE, C. G. Comunicação cientifica contemporânea e de vanguarda. In: _____. Ciência da Informação: estudos e práticas. Brasília: Thesaurus. 2011.  p. 9-33.

DRIVER, Rosalind et al. Constructing scientific knowledge in the classroom. Educational Researcher, American Educational Research Association, v.23, n.7, 1994, p. 5-12.

FARIA, Sueli. et al. Competências do profissional da informação: uma reflexão a partir da Classificação Brasileira de Ocupações. Ciência da Informação. v. 34, n. 2, p. 26-33, maio/ago. 2005.

GASQUE, Kelley C. G. D. Letramento informacional: pesquisa, reflexão e aprendizagem. Brasília: FCI/UnB, 2012.

GOMES, Henriete F. A mediação da informação, comunicação e educação na construção do conhecimento. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 9,  n. 1, fev. 2008.

MAGEE, Brian. História da filosofia. São Paulo: Edições Loyola, 1998.

MIRANDA, Silvânia Vieira. Identificando competências informacionais. Ciência da Informação, Brasília, v.33, n.2, ago., 2004.

MELEANE, Suzana O.T. Tecnologias de informação e comunicação como meio de inclusão social em Moçambique: o caso do ensino superior. 2012. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade de Brasília, Brasília.

VILAN FILHO, Jayme Leiro. Autoria Múltipla em Artigos de Periódicos  Científicos das Áreas de Informação no Brasil. 2010. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Amadurecimentos no Projeto de Pesquisa


Nesse post serão indicados pontos importantes de alteração do meu projeto provenientes da discussão nas aulas da disciplina Pesquisa em Ciência da Informação. Além disto, será trabalhada também a questão da base teórica para o projeto. O enunciado da atividade encontra-se completo no endereço: http://metodologiaci.blogspot.com.br/2012/07/base-teorica.html  

Título do meu projeto: “Desenvolvimento da Competência em Informação auxiliado pela Cooperação e Argumentação Lógica num contexto de Mundos Virtuais”.

Segundo Tomanik (2004) o problema de um projeto é “[...] a pergunta específica  a que se pretende responder com a pesquisa. Por isso ao contrário do tema, que é amplo, o problema precisa ser expresso de forma clara, e ter seus limites mais bem estabelecidos”. A determinação do problema deve seguir os critérios de originalidade, importância e viabilidade.  Desta forma, o problema do meu projeto foi reformulado para que fosse mais direcionado e delimitado no assunto da pesquisa, ficando “Em que medida a argumentação lógica e cooperativa articulada com os mundos virtuais colabora com o desenvolvimento da competência em informação?” Sendo que atende o critério da originalidade pelo fato de estudar relações pouco exploradas da argumentação lógica com o desenvolvimento da competência informacional e suportada por mundos virtuais, também satisfaz o critério da  importância pelo fato do momento atual, as publicações e estudos demandarem elementos que possam facilitar o aprimoramento da competência informacional, e, finalmente, o critério da viabilidade por estar restrito a investigar as relações desses elementos de forma bem específica.

Uma maneira de delimitar ainda mais o problema é a criação de hipóteses que assumem o papel da solução ideal e provisória para o problema, direcionando a pesquisa para uma determinada vertente. Desta forma, as hipóteses inicialmente elencadas no meu projeto não estavam nesta linha de pensamento, pois abriam muitas possibilidades. Assim a hipótese atual do projeto é assumir que a cooperação possa atuar como elemento chave juntamente com a argumentação lógica para auxiliar no desenvolvimento de competências informacionais. Argumentações incipientes, ou advindas de um isolamento intelectual, podem ser contra-argumentadas de forma cooperativa para conflitar premissas ou solicitar bases mais bem fundamentadas. Pode-se concordar ou discordar da conclusão, mas, sobretudo, num universo científico, deve-se exigir precisão e coesão na elaboração de sua dedução. Assim a argumentação, após recebimento de feedback, é retrabalhada para ser bem fundamentada. Neste ponto acontece uma retroalimentação no estabelecimento de novas contra-argumentações com continuidade do processo até se chegar numa argumentação alinhavada por bases lógicas.

O estudo proveniente desta pesquisa também trará benefícios para a comunicação científica, uma vez que, segundo Demo (1995), existem critérios básicos para garantir a qualidade dos conhecimentos elaborados, dentre eles, a coerência, onde há ausência de contradição, argumentação estruturada e dedução lógica das conclusões, e a consistência, que representa a capacidade de resistir a argumentações contrárias e a atualidade da argumentação. O trabalho com a lógica argumentativa irá favorecer o atendimento a estes critérios citados, e consequentemente a melhoria na qualidade da geração de conhecimentos que é um dos elementos no desenvolvimento da Competência Informacional. A pesquisa científica, na linha positivista, trabalha com elementos lógicos, tais como os silogismos, os modus e as equivalências notáveis, e desta forma também, serão poderão ser beneficiados com este estudo. Richardson (1999) lembra a importância da lógica matemática para o método de pesquisa dedutivo.

A pesquisa deve ser embasada fortemente num modelo teórico, para, a partir daí, se tornar pragmática cumprindo objetivos factíveis. Os objetivos gerais não podem ser tão amplos a ponto de tentar resolver um grande problema da humanidade, mas ao invés disto podem perfeitamente contribuir com o avanço das pesquisas já existentes para solucioná-lo. O objetivo geral do meu projeto foi elaborado para responder a essa demanda mais específica: “Melhorar os processos de desenvolvimento da Competência em Informação por intermédio da argumentação lógica e cooperativa num contexto de ambientes virtuais de simulação”.

A pesquisa exploratória evidencia uma necessidade de investigação num campo ainda pouco explorado ou sistematizado. Apesar disto ela permite o estabelecimento de hipóteses para limitar a área de investigação e concentrar a pesquisa além de possibilitar maior profundidade nos estudos. Associado a isto a metodologia de estudo de caso entra em sintonia com o estabelecimento de hipóteses uma vez que permite o aprofundamento da investigação diminuindo o escopo inicial de estudo e também possibilitando o trabalho mais profundo.  A meu projeto trabalhará com as metodologias exploratória, experimental e de estudo de caso.

Uma pesquisa social sempre causa interferências na comunidade pesquisada, principalmente em quem é pesquisado, em maior ou menor grau, sendo que, quando esta transformação é relevante, a metodologia a nomeia de pesquisa participante. Além disso, a determinação precisa do público a ser pesquisado é importante, pois limita a abrangência da pesquisa, foca a pesquisa para o contexto do grupo de pessoas e suas peculiaridades,  permite ajustes precisos de seus instrumentos de coleta e análise de dados, entre outras características. Desta forma, minha pesquisa, terá seu público alvo, definido como alunos de graduação. Existem competências informacionais bem precisas inerentes ao trabalho do aluno de graduação para o seu amadurecimento e para o cumprimento com qualidade dos objetivos das tarefas de suas disciplinas.  Gasque (2012) faz um levantamento detalhado destas competências em seu livro.

O modelo teórico usado numa pesquisa é fundamental, pois além de nortear os estudos, permite entender melhor a realidade. Metaforicamente, ele é como os óculos que o pesquisador coloca para enxergar, observar e analisar o fenômeno a ser estudado. Traz segurança por fornecer uma base já consolidada para a pesquisa e assim aumentar o grau de contribuição desta para a comunidade científica e para a sociedade do contexto da pesquisa.  Desta forma, no contexto da pesquisa aqui trabalhada, será usado o modelo teórico da cooperação de Piaget e suas relações lógicas. A lógica da linguagem, usada também nas argumentações, é complexa e necessita que o indivíduo esteja num nível de amadurecimento mental mínimo para que possa estabelecer as relações lógicas necessárias para as construções argumentativas. Piaget (1991) afirma que não há diferença entre a lógica verbal e a lógica inerente à coordenação de ações, sendo que esta última é mais simples que a da linguagem. Piaget (1973), em Estudos Sociológicos, discute a natureza social da lógica, e, portanto, dá base para estudar o quanto a lógica pode ser importante para ações de cooperação e consequentemente do desenvolvimento de Competências Informacionais.

Referências bibliográficas deste post:

DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo. Atlas, 1995.

GASQUE, Kelley C. G. D. Letramento informacional: pesquisa, reflexão e aprendizagem. Brasília: FCI/UnB, 2012.

PIAGET, Jean. Estudos sociológicos. Tradução de Reginaldo Di Piero. Rio de Janeiro: Forense, 1973.

PIAGET, Jean. Seis estudios de psicología. Traduccion de Jordi Marfà. Barcelona: Editorial Labor, 1991.

RICHARDSON, Roberto J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

TOMANIK, Eduardo A. O olhar no espelho: "conversas" sobre pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. Maringá-MG: Eduem, 2004.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Reflexões acerca de Pesquisa em Ciência da Informação

Este post tem como objetivo inicial o atendimento a tarefa solicitada na disciplina de Pesquisa em Ciência da Informação, e, como demais objetivos, de explorar esta área trazendo discussões, reflexões e  indicações de elementos importantes. Considero que o seu maior propósito, como consequência de todo este processo, será contribuir com meu amadurecimento na trajetória de pesquisador aprendiz.

O livro “O Olhar no Espelho” de Eduardo Augusto Tomanik (2004) faz a base conceitual para os recortes parafraseados e registrados nos parágrafos a seguir.  Estes recortes foram selecionados baseando-se na minha percepção de importância entre todos os elementos que foram estudados.

Quatro razões porque não devemos considerar a ciência como um agrupamento estático  de teorias ou leis: (1) a ciência é uma forma de conhecimento da realidade, sendo esta não estática; (2) o próprio avanço da ciência contribui para o aparecimento de novos campos e forma de pesquisa; (3) com  frequência aparecem conhecimentos científicos que não são aceitos dentro da própria comunidade científica; (4) critérios de definição do conhecimento científico são válidos num determinado período da história e em outro não.

A ciência divide a realidade em áreas de estudo e frequentemente estas se tornam tão complexas que ainda são ainda subdivididas, ou ainda são agrupadas para gerar outra ciência. Neste contexto é importante não confundir fenômenos com objetos de estudo das ciências, pois o primeiro  pode ser objeto de estudo de várias ciências e cada uma delas adota um método apropriado para estuda-lo.  Sendo assim o objeto de cada ciência é “o que” ela se propõe a conhecer, e os métodos indicam “como” ela se propõe fazer. O conhecimento de diferentes métodos é indispensável pois nos ajuda a elaborar melhores descrições e a desenvolver afirmações mais fidedignas às situações pesquisadas.

Entre as dificuldades para se fazer ciência estão: (1) grande tempo para formação de um cientista; (2) excesso de burocracia; (3) deve ser uma tarefa coletiva; (4) apesar da importância da criatividade, há muito mais necessidade de trabalho árduo. O esforço do cientista inicia bem antes da realização da pesquisa e, de uma maneira geral, ele deve ter um alto grau de resistência a frustação. Estas dificuldades são, na verdade, desafios e acabam tornando a ciência fascinante. 

A metodologia, o estudo dos métodos,  é uma área de ciência que tem como objetivo discutir os requisitos necessários para que uma afirmação seja aceita como válida pela própria ciência.  Existem  impressões equivocadas a respeito de metodologia que são contrapostas com as seguintes recomendações: (1) ela vai muito além das normas ou formas de apresentação de um trabalho científico; (2)  metodologia não é um conjunto de regras fixas, pois, em alguns casos, pode demandar um novo método adequado ao objeto de estudo; (3) ciência não deve uma atividade obscura com aparência hermética que alguns cientistas o fazem de forma proposital; (4) a ciência não deve ser uma atividade puramente acadêmica, mas também deve fazer parte das empresas, industrias etc.; (5) a ciência não deve ter domínio total da natureza, pois o homem não tem total controle sobre os fenômenos físicos, sociais e humanos; (6) a ciência não é portadora de verdades absolutas, mas provisórias, pois uma das coisas que a caracteriza é a dúvida e não a certeza; (7) a ciência não é politicamente neutra, pois como ela é um conjunto de ações humanas capaz de influenciar a estrutura social então é também uma atividade política. 

Uma das características fundamentais da ciência é a discussão, isto é, se a ciência pretende ser um conhecimento válido sobre a realidade a discussão é uma exigência e uma das funções dos cientistas é a de discutir critérios que permitam estabelecer os limites e alcances dela que, normalmente, sofrem alterações ao longo da história. A própria falta de definição exata e/ou única de ciência é um reflexo disto.

A visão empiricista de ciência afirma que o que é possível conhecer são exclusivamente os fenômenos e suas relações, não a sua essência. É o estudo das leis naturais que regem os fatos. Essa visão tem origens no positivismo. Diferentemente de empirismo, o empiricismo vai muito além de um mero conjunto de experiências individuais, não intencionadas e não coordenadas.  Ao contrário do idealismo predominante em tempos remotos e que exigia dos estudiosos um espírito contemplativo e uma grande capacidade de distanciamento das coisas materiais como forma de atingir a verdade divina, o empiricismo exige do pesquisador uma mente crítica, objetiva e racional, ou seja, o que vale  não é o que o cientista imagina ou pensa, mas aquilo que realmente é, através de atividades racionais dirigidas ao sistemático conhecimento com objetivo limitado e capaz de ser submetido à verificação.

A principal crítica ao empiricismo é que a ciência não é neutra e, portanto, não é capaz de produzir um conhecimento “universal” e “natural” alheio às questões de poder e participação social. Isto porque quem produz ciência são os cientistas que não são pessoas alheias ao mundo social mas dependentes dele e está sujeito às mesmas pressões econômicas que os outros profissionais, e como ser social também está sujeito às ideias e tendências de seu tempo e de seu grupo. Se  a subjetividade do ser humano é eliminada também será eliminada a possibilidade de que ele venha a transformar e a recriar sua realidade, além disto o ser humano não se relaciona com as coisas tal como elas são, mas tal como ele as considera.

Existem critérios que tendem a garantir a qualidade dos conhecimentos elaborados: (a) coerência: ausência de contradição, argumentação estruturada e dedução lógica das conclusões; (b) consistência: capacidade de resistir a argumentações contrárias e a atualidade da argumentação; (c) originalidade: uma produção não tautológica, ou seja, não meramente repetitiva, representando real contribuição ao conhecimento; (d) objetivação: tentativa de reproduzir a realidade como ela é, mais do que como gostaríamos que fosse; (e) intersubjetividade: é a vigência do argumento em ciência, a ingerência da opinião dominante dos cientistas de determinada época e lugar na demarcação científica, por exemplo, o mesmo enunciado dito pelo professor e pelo aluno não tem a mesma validade em si.

Um dos problemas cruciais para a prática da ciência é a linguagem, enquanto no cotidiano ela é bastante “elástica”, onde um conceito pode ter vários significados dependendo do contexto, na ciência ela deveria ser precisa e sem apresentar ambiguidades.  Por outro lado, na linguagem popular grande parte dos conceitos é proveniente de experiências particulares e, portanto, são carregados de significados pessoais, avaliativos, conotações positivas ou negativas e acabam agregando juízo de valor.  A ciência deve muito mais tentar tornar claro o que é conceito e o que pode ser juízo do que trabalhar para a eliminação dos juízos. Neste contexto, existem situações complexas de serem resolvidas: (1) o uso na ciência de termos que não possuem correspondente na linguagem para iniciantes; (2) o uso de termos com significados diferentes na ciência e na linguagem comum; (3) a apropriação, por parte da ciência, de termos de uso comum, mas atribuindo-lhe outro significado.

Afinal de contas, a ciência deve usar clareza ou sofisticação? Não há razão para que a ciência use termos sofisticados  ou frases de construção complexa que tonam a compreensão mais difícil. Existe o mito de que o estilo obscuro é  profundo e o estilo claro é superficial. Duas questões servem como balizadoras e elementos de reflexão para quem irá redigir um texto científico: (1) para quem se escreve? Isto é, quem é o leitor que se pretende atingir?  (2) para que se escreve? Isto é, o que se pretende atingir com o texto?  De uma maneira geral, é bom escrever para alguém que não domine o assunto, pois se o texto for claro nestas condições, então certamente será para leitores com conhecimentos avançados.

O planejamento de uma pesquisa é parte fundamental do processo de obtenção de conhecimento, pois dependem das decisões do pesquisador. Um bom planejamento é aquele que acontece ao longo de todo o processo: no estudo e no aprofundamento de reflexões sobre teorias existentes, na escolha cuidadosa dos problemas, no preparo minucioso das ações e no tratamento competente dos dados. 

Pode-se organizar a escrita de um projeto em duas grandes partes: (I) a que responde “o que?” composta de tema, a fundamentação teórica, o problema da pesquisa e as hipóteses; (II) a que responde “como?” composta dos procedimentos e métodos. Cada um dos elementos que compõe estas partes possuem indicações elementares: (1) tema: deve ser importante, original, viável e , se possível, pertencer a um assunto que interessa o pesquisador; além disto, deve-se também ter razões claras para a escolha deste tema; (2) fundamentação teórica: basicamente deve-se ler, depois pensar sobre o assunto e, por último, organizar os conhecimentos assim obtidos, ou seja, aprofundar conhecimentos, tomar conhecimento das várias posições existentes levantando pontos de concordância/discordância e confrontando-as entre si e determinando consequências de cada uma delas, e ainda serve para selecionar melhor e com mais precisão o problema a ser pesquisada; (3) problema da pesquisa: é a pergunta específica que se pretende responder com a pesquisa; precisa ser expresso de forma clara com limites bem estabelecidos; apesar de não ser amplo como a definição do tema, o problema também deve satisfazer os critérios de originalidade, importância e viabilidade; (4)  hipóteses: são respostas prováveis e provisórias do problema da pesquisa; mas, se o assunto a ser pesquisado é novo com pouco ou nenhum dado disponível e de uma realidade pouco conhecida, então não há como elaborar hipóteses, além disto, hipóteses sem fundamentos podem atrapalhar deixando o trabalho amarrado; de uma maneira geral as hipóteses servem para delimitar ainda mais o problema a partir da fundamentação teórica que se elaborou, pois é mais fácil verifica-la do que investigar todas as respostas possíveis do problema; (5) procedimentos e métodos: envolve a população ou campo da pesquisa, a metodologia, o cronograma e o orçamento; sendo que a parte da metodologia pode envolver a aplicação de vários métodos pois estes não são unidades estanques ou isoladas, e além disto, eles requerem técnicas que por sua vez requerem instrumentos, todos escolhidos conforme situação de pesquisa.

Como a atividade científica é realizada dentro de um contexto social e também é influenciada e até determinada por este contexto, não é possível que ela seja politicamente neutra. Muitas vezes o mito da neutralidade é incentivado pelos detentores do poder econômico, cientistas ou não, conscientes ou não, para a confirmação de um sistema social baseado em desigualdades de poderes e direitos.  Desta forma, existem dois polos: os que querem a manutenção do sistema vigente de desigualdades e os que querem a superação deste sistema. Em função desta dicotomia, e na direção daqueles que querem a mudanças no sistema vigente, pesquisadores procuram métodos diferenciados onde haja participação dos pesquisados no processo, tal como a pesquisa participante.

Na pesquisa participante a metodologia e o investigador são somente um elemento, e também a metodologia é inseparável dos grupos sociais com os quais o investigador trabalha. Além disto, ela se caracteriza pela existência de três objetivos: (i) existe produção de novos conhecimentos dentro da realidade pesquisada; (ii) estes conhecimentos devem ser transferidos para a população envolvida com intuito de modificá-la através de num processo pedagógico que lhes permita compreender melhor sua situação; (iii) ocorre a elaboração e execução de propostas de ação coletiva, com base nas análises realizadas.   A pesquisa participante sintoniza-se com a ideia de que “a realidade é sempre mais complexa do que podemos perceber; por isso pesquisamos. Ela é sempre diferente do que gostaríamos que fosse; por isso tentamos modifica-la”.  Desta forma, este tipo de pesquisa gera dúvidas, situações de conflito, novas investigações, novas buscas e descobertas e, consequentemente, novas pesquisas participantes.

O efeito da ideologia na ciência também vale para a pesquisa participante, isto significa que além dela produzir desejáveis efeitos transformadores, ela também pode produzir efeitos conservadores e até reacionários. Isto é inerente às ideologias de seus executores. Outro problema associado a pesquisa participante é que ela não se adapta à estrutura curricular da maioria das universidades. Outro alerta é que este tipo de pesquisa não pode ser visto como a única maneira válida para a realização de uma ciência a favor das camadas sociais menos favorecidas e contraria a situações de dominação e exploração.

De uma maneira geral, não se pode atribuir a um método a crença absoluta sobre a sua eficácia ou sobre a sua ineficácia. Isto pode acarretar na não construção de instrumentos que se adequem de forma mais precisa à realidade estudada. Desta forma, os princípios da dúvida sistemática e da reavaliação constante são algumas das principais contribuições que a ciência pode oferecer à sociedade que a produziu.

domingo, 1 de julho de 2012

Porque fazemos Ciência?


Questão postada pelo professor André Porto Ancona Lopez como uma das atividades da disciplina Pesquisa em Ciência da Informação/UnB para a turma do doutorado (DINTER 2012-1). Enunciado completo da questão disponível no seu blog Metodologia em Ciência da Informação: http://metodologiaci.blogspot.com.br/2012/06/por-que-fazemos-ciencia.html.

Segundo Tomanik (2004, p. 218) "a realidade é sempre mais complexa do que podemos perceber; por isso pesquisamos. Ela é sempre diferente do que gostaríamos que fosse; por isso tentamos modificá-la.” Acrescento o fato de que primeiramente temos que perceber a realidade para então modificá-la. Essa percepção se dá através de interações com a realidade e a modificação é direcionada no sentido de melhorá-la, na ótica do pesquisador. Nesta mesma linha Richardson (1999, p. 16) destaca que “[...] não devemos esquecer que o objetivo último das Ciências Sociais é o desenvolvimento do ser humano”.

A ciência é feita, fundamentalmente, por discussões, segundo Tomanik (1999, p. 55), que ainda acrescenta ser uma exigência para o seu exercício. Interpreto que a discussão nos dá possibilidade de interagir melhor com a realidade e assim percebê-la como algo diferente do que gostaríamos que fosse.

A primeira parte da afirmação do Tomanik, "a realidade é sempre mais complexa do que podemos perceber; por isso pesquisamos”, está evidenciada no meu projeto de pesquisa quando fica corroborado, através de vários estudos realizados por autores renomados, que o desenvolvimento da Competência em Informação é bastante complexo e com diversas lacunas e deficiências constatadas ao longo da formação dos cidadãos. Desta forma, minha pesquisa acontece com o intuito de trazer clareza a esta realidade e torná-la menos complexa.

Na outra parte de sua afirmação, “ela é sempre diferente do que gostaríamos; por isso tentamos modifica-la”, acredito que a realidade, de fato, é bem diferente do que gostaríamos, pois há um reflexo perceptível na falta de competências informacionais nos cidadãos e, em especial, nos alunos de graduação, cuja interação na minha vivência profissional acontece com maior frequência.

Destaco ainda que o problema levantado poderá será melhor modelado e entendido quando se estabelecer uma teoria base para fundamentar os trabalhos a serem realizados. Richardson (1999, p. 19) destaca, metaforicamente, que “o método científico pode ser considerado algo como um telescópio; diferentes lentes, aberturas e distâncias produzirão formas diversas de ver a natureza [...]”. Assim, uma teoria bem escolhida poderia servir como a lente citada por Richardson.

Finalmente, neste contexto de discussão, destaco a pesquisa participativa como elemento importante no meu trabalho, pois é através do envolvimento com a comunidade que esta será socialmente transformada. Enquanto a comunidade será afetada pela pesquisa, esta mesma pesquisa será afetada devido às interações com a comunidade. Desta forma, consigo me aproximar da modificação da realidade citada por Tomanik, e do desenvolvimento do ser humano citado por Richardson.

Referências bibliográficas deste post:

TOMANIK, Eduardo A. O olhar no espelho: "conversas" sobre pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. Maringá-MG: Eduem, 2004.

RICHARDSON, Roberto J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Seja bem-vindo ao Blog sobre Competência em Informação

Olá, meu nome é Henrique e estou trabalhando na área de pesquisa Competência em Informação (CI) que faz parte da linha Comunicação e Mediação da Informação dentro da Ciência da Informação. Organizei este espaço virtual para registro de ideias, reflexões, resumos, resenhas, ensaios, descobertas etc, sobre a área Ciência da Informação com mais destaque em temas da Competência em Informação.