segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Amadurecimentos no Projeto de Pesquisa


Nesse post serão indicados pontos importantes de alteração do meu projeto provenientes da discussão nas aulas da disciplina Pesquisa em Ciência da Informação. Além disto, será trabalhada também a questão da base teórica para o projeto. O enunciado da atividade encontra-se completo no endereço: http://metodologiaci.blogspot.com.br/2012/07/base-teorica.html  

Título do meu projeto: “Desenvolvimento da Competência em Informação auxiliado pela Cooperação e Argumentação Lógica num contexto de Mundos Virtuais”.

Segundo Tomanik (2004) o problema de um projeto é “[...] a pergunta específica  a que se pretende responder com a pesquisa. Por isso ao contrário do tema, que é amplo, o problema precisa ser expresso de forma clara, e ter seus limites mais bem estabelecidos”. A determinação do problema deve seguir os critérios de originalidade, importância e viabilidade.  Desta forma, o problema do meu projeto foi reformulado para que fosse mais direcionado e delimitado no assunto da pesquisa, ficando “Em que medida a argumentação lógica e cooperativa articulada com os mundos virtuais colabora com o desenvolvimento da competência em informação?” Sendo que atende o critério da originalidade pelo fato de estudar relações pouco exploradas da argumentação lógica com o desenvolvimento da competência informacional e suportada por mundos virtuais, também satisfaz o critério da  importância pelo fato do momento atual, as publicações e estudos demandarem elementos que possam facilitar o aprimoramento da competência informacional, e, finalmente, o critério da viabilidade por estar restrito a investigar as relações desses elementos de forma bem específica.

Uma maneira de delimitar ainda mais o problema é a criação de hipóteses que assumem o papel da solução ideal e provisória para o problema, direcionando a pesquisa para uma determinada vertente. Desta forma, as hipóteses inicialmente elencadas no meu projeto não estavam nesta linha de pensamento, pois abriam muitas possibilidades. Assim a hipótese atual do projeto é assumir que a cooperação possa atuar como elemento chave juntamente com a argumentação lógica para auxiliar no desenvolvimento de competências informacionais. Argumentações incipientes, ou advindas de um isolamento intelectual, podem ser contra-argumentadas de forma cooperativa para conflitar premissas ou solicitar bases mais bem fundamentadas. Pode-se concordar ou discordar da conclusão, mas, sobretudo, num universo científico, deve-se exigir precisão e coesão na elaboração de sua dedução. Assim a argumentação, após recebimento de feedback, é retrabalhada para ser bem fundamentada. Neste ponto acontece uma retroalimentação no estabelecimento de novas contra-argumentações com continuidade do processo até se chegar numa argumentação alinhavada por bases lógicas.

O estudo proveniente desta pesquisa também trará benefícios para a comunicação científica, uma vez que, segundo Demo (1995), existem critérios básicos para garantir a qualidade dos conhecimentos elaborados, dentre eles, a coerência, onde há ausência de contradição, argumentação estruturada e dedução lógica das conclusões, e a consistência, que representa a capacidade de resistir a argumentações contrárias e a atualidade da argumentação. O trabalho com a lógica argumentativa irá favorecer o atendimento a estes critérios citados, e consequentemente a melhoria na qualidade da geração de conhecimentos que é um dos elementos no desenvolvimento da Competência Informacional. A pesquisa científica, na linha positivista, trabalha com elementos lógicos, tais como os silogismos, os modus e as equivalências notáveis, e desta forma também, serão poderão ser beneficiados com este estudo. Richardson (1999) lembra a importância da lógica matemática para o método de pesquisa dedutivo.

A pesquisa deve ser embasada fortemente num modelo teórico, para, a partir daí, se tornar pragmática cumprindo objetivos factíveis. Os objetivos gerais não podem ser tão amplos a ponto de tentar resolver um grande problema da humanidade, mas ao invés disto podem perfeitamente contribuir com o avanço das pesquisas já existentes para solucioná-lo. O objetivo geral do meu projeto foi elaborado para responder a essa demanda mais específica: “Melhorar os processos de desenvolvimento da Competência em Informação por intermédio da argumentação lógica e cooperativa num contexto de ambientes virtuais de simulação”.

A pesquisa exploratória evidencia uma necessidade de investigação num campo ainda pouco explorado ou sistematizado. Apesar disto ela permite o estabelecimento de hipóteses para limitar a área de investigação e concentrar a pesquisa além de possibilitar maior profundidade nos estudos. Associado a isto a metodologia de estudo de caso entra em sintonia com o estabelecimento de hipóteses uma vez que permite o aprofundamento da investigação diminuindo o escopo inicial de estudo e também possibilitando o trabalho mais profundo.  A meu projeto trabalhará com as metodologias exploratória, experimental e de estudo de caso.

Uma pesquisa social sempre causa interferências na comunidade pesquisada, principalmente em quem é pesquisado, em maior ou menor grau, sendo que, quando esta transformação é relevante, a metodologia a nomeia de pesquisa participante. Além disso, a determinação precisa do público a ser pesquisado é importante, pois limita a abrangência da pesquisa, foca a pesquisa para o contexto do grupo de pessoas e suas peculiaridades,  permite ajustes precisos de seus instrumentos de coleta e análise de dados, entre outras características. Desta forma, minha pesquisa, terá seu público alvo, definido como alunos de graduação. Existem competências informacionais bem precisas inerentes ao trabalho do aluno de graduação para o seu amadurecimento e para o cumprimento com qualidade dos objetivos das tarefas de suas disciplinas.  Gasque (2012) faz um levantamento detalhado destas competências em seu livro.

O modelo teórico usado numa pesquisa é fundamental, pois além de nortear os estudos, permite entender melhor a realidade. Metaforicamente, ele é como os óculos que o pesquisador coloca para enxergar, observar e analisar o fenômeno a ser estudado. Traz segurança por fornecer uma base já consolidada para a pesquisa e assim aumentar o grau de contribuição desta para a comunidade científica e para a sociedade do contexto da pesquisa.  Desta forma, no contexto da pesquisa aqui trabalhada, será usado o modelo teórico da cooperação de Piaget e suas relações lógicas. A lógica da linguagem, usada também nas argumentações, é complexa e necessita que o indivíduo esteja num nível de amadurecimento mental mínimo para que possa estabelecer as relações lógicas necessárias para as construções argumentativas. Piaget (1991) afirma que não há diferença entre a lógica verbal e a lógica inerente à coordenação de ações, sendo que esta última é mais simples que a da linguagem. Piaget (1973), em Estudos Sociológicos, discute a natureza social da lógica, e, portanto, dá base para estudar o quanto a lógica pode ser importante para ações de cooperação e consequentemente do desenvolvimento de Competências Informacionais.

Referências bibliográficas deste post:

DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo. Atlas, 1995.

GASQUE, Kelley C. G. D. Letramento informacional: pesquisa, reflexão e aprendizagem. Brasília: FCI/UnB, 2012.

PIAGET, Jean. Estudos sociológicos. Tradução de Reginaldo Di Piero. Rio de Janeiro: Forense, 1973.

PIAGET, Jean. Seis estudios de psicología. Traduccion de Jordi Marfà. Barcelona: Editorial Labor, 1991.

RICHARDSON, Roberto J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

TOMANIK, Eduardo A. O olhar no espelho: "conversas" sobre pesquisa em Ciências Sociais. 2. ed. Maringá-MG: Eduem, 2004.

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